O Conselho Regional de Serviço Social do Maranhão (CRESS 2ª Região) participou e apoiou a Semana de Visibilidade Trans, que possuiu como tema “Eu tenho um nome, eu tenho uma identidade”.
As atividades iniciaram no dia 25 e foram até o dia 31 de janeiro com o objetivo de discutir temas como saúde, educação e mercado de trabalho a travestis e transexuais do Maranhão. O evento aconteceu em referência ao Dia da Visibilidade Trans que é comemorado no dia 29, sexta-feira.
Para Andressa Sharon, presidente da Associação Maranhense de Travestis e Transexuais (Amatra), a semana servirá para abrir a mente das pessoas para aceitar cada identidade com a sua individualidade. “Não é apenas uma semana de visibilidade trans, é uma semana de visibilidade de pessoas, onde buscamos entender que cada pessoa é do jeito que é”, disse.
De acordo com Carla Cavalcante, conselheira do CRESS-MA, a Semana de Visibilidade Trans foi fundamental para a potencialização das interlocuções. “Não adianta falar de transexualidade apenas para quem está do outro lado. A vivência, com as pessoas trans possibilita aos Centro de referência de Assistência Social (CRAS) e aos Centro de Referência Em Assistência Social (CREAS) melhores metodologias para o trabalho dos profissionais, por exemplo. Neste sentido, é importante a convivência para gerar conhecimento, respeito e dignidade da pessoa humana”, ressaltou.
Francisco Gonçalves, Secretário de Direitos Humanos e Participação Popular (SEDHPOP) do Governo do Maranhão, ressaltou que na redemocratização do Brasil o exercício da liberdade que permitiu a liberdade religiosa se voltou contra a diversidade de gênero e contra o reconhecimento de outros direitos. “Nós não podemos pensar em liberdade somente para um setor da sociedade ou para uma forma de expressão sexual, moral, afetiva e etc. A liberdade tem que ter a dimensão ampla para que todos tenham direito a buscar a sua felicidade e para que todos possam ter direitos a amar e ser amados. Isso implica que todos precisam ser reconhecidos no seu gênero e na sua condição de gênero”, disse.
A semana foi iniciada com um ciclo de diálogos e a conferência magna “Transexualidade: conquistas e desafios do século XXI”, proferida por Rafaela Damasceno e Carla Bianca.
Rafaela Damasceno, uma das primeiras transexuais a entrar em uma universidade pública no Brasil, ponderou sobre a perspectiva de vida de travestis e transexuais. “infelizmente são pouquíssimas transexuais e travestis que conseguem passar dos 35 anos de idade e envelhecer no Brasil. Quando não são assassinadas, acontece alguma outra fatalidade”, disse.
Sob a perspectiva da luta contra a violação de direitos, Danilo Silva, conselheiro do CRESS-MA, ressaltou a bandeira de luta do Conjunto CFESS-CRESS, que diz respeito a uma construção de uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
O evento foi organizado em parceria com a Associação Maranhense de Transexuais e Travestis (Amatra), Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP), Conselho Regional de Serviço Social do Maranhão (CRESS 2ª Região), Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE/MA), além de coletivos e movimentos sociais de mulheres, negros e LGBTs de São Luís-MA.
Projeto de Lei João Nery
A temática da semana foi de acordo com o movimento trans brasileiro que luta pela aprovação do Projeto de Lei João Nery (Lei de Identidade de Gênero). O projeto busca a garantia do direito ao reconhecimento da identidade de gênero, à mudança de documentação entre outras políticas públicas necessárias para o respeito e cidadania da população trans.